sábado, 10 de maio de 2008

Ensina-nos

No fim de semana em que o Altares estava em Resende eu tive o privilégio de conversar um pouco com o Edson. Em outras coisas, ele falava sobre o fato de sua enfermidade o fazer valorizar muito cada momento de sua vida, como nunca antes. Daí, aquelas mensagens... de aprender a gostar de gente, de contar com sabedoria nossos dias, priorizar o que é digno de ser priorizado...
Aí eu olho para minha vida e vejo como dificilmente eu valorizo os detalhes da vida, as bênçãos que Deus me concede, e que meus olhos insensíveis não vêm. A vida é um presente de Deus: os amigos, as manhãs, as conversas jogadas fora depois dos cultos, nosso grupo de jovens, as reuniões de oração na salinha, as músicas cantadas com poucas vozes ao som de apenas um violão, aqueles abraços despretensiosos, as viagens que um dia fazíamos a Bocaina, os ensaios do coro jovem, as mensagens que ouvimos nos domingos pela manhã, o pastel no Paraíso e o "cheese-salada" do podrão. São muitas e muitas coisas (Aqui me referi apenas àquelas que vivemos na igreja)...
O Edson encontrou em meio o deserto uma forma de valorizar as pequenas bênçãos que Deus nos dá. Oro para que aprendamos a valoriza-las sem que seja preciso a tribulação ou a dor.
Ensinos Senhor a contar os nosso dias!!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

A Barriga está crescendo


“Portanto, esta maldade vos será como a brecha de um muro alto, que, formando uma barriga, está prestes a cair, e cuja queda vem de repente, num momento” (Isaías 30.13)

Excesso de pecado, excesso de fornicação, excesso de soberba, excesso de futilidades.... vivemos a era dos excessos, indicando que há uma perda do equilíbrio, do bom senso e do domínio próprio. Acostumamo-nos ao nosso ser fragmentado. Acostumamo-nos ao pensamento reprovável, compramos a idéia de que o mundo é assim, a vida é assim...
Somos seres gregários que acompanham a massa. Marina Colasanti percebeu isso e escreveu com maestria: A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão....
De igual modo, a gente se acostuma com o pecado. São pequenos vícios da alma que vão crescendo, adquirem vida própria e passam a reclamar que fazem parte de nós. São máscaras que, de tanto usarmos, nos apegam ao rosto, e quando tentamos tira-las não reconhecemos quem vemos no espelho.Espera-se do cristão que seja transformado de “glória em glória” segundo a imagem de Cristo, e não simplesmente que tenha uma “conduta adequada”. Querer adequar comportamento dos fiéis foi o que os grupos fundamentalistas sempre fizeram, numa espécie de behaviorismo cristão, condicionando as pessoas a darem as respostas que se esperavam delas. Mas o resultado se mostrou desastroso, pois elas se adequaram àquilo que o grupo queria, entretanto suas contradições interiores não foram equacionadas. Cristo não veio “melhorar” o comportamento de ninguém, veio mudar a vida, as motivações, os olhos, as entranhas.... Somente o comportamento que vem de dentro pra fora e se origina “de cima” pra baixo honra a Deus e testemunha uma vida interior plena. A barriga do muro está crescendo, está prestes a cair, e a queda virá de repente, num momento. Se não se mudar a atitude interior, o fim será inexorável. Li algures que um famoso artista brasileiro perdeu recentemente sua mãe, que por décadas viveu separada de seu pai, este também já falecido. O pai foi enterrado num cemitério e a mãe em outro. O filho agora pretende levar a ossada dela para descansar ao lado do marido. Unidos no jazigo. Pode ser um gesto bonito, mas.... tarde demais.Não há porque postergar a forma de vida doentia, pecaminosa, e esconde-la numa aparência de santidade. Deus não se comove com nossas demonstrações de espiritualidade, gritinhos, gemidos, choro compulsivo.... estas coisas não resistem dois segundos diante do fogo consumidor de Javé. Queimam como palha seca [1Co 3.13]. Há uma urgência no Evangelho. O tempo de Deus se chama hoje. Já é tempo de deixar as obras das trevas, e despertar para uma vida como legítimos filhos da luz.

O apóstolo Paulo repete exaustivamente em suas epístolas para que andemos em novidade de vida. Viver em dissolução, baixarias, gritarias e confusão, é coisa do passado. Portanto, diz Paulo, aquele que furtava, não furte mais [Ef 4.28], o que blasfemava, que traga palavras agradáveis dos lábios [Ef 4.29], o murmurador [1Co 10.10], que passe a glorificar mais e reclamar menos, os legalistas que se sujeitavam a regras e ordenanças, que passem a confiar somente na Graça [Cl 2.20], que os avarentos [Cl 3.5], aprendam a ser liberais reconhecendo que tudo o que possuem é de Deus; os adúlteros [Hb 13.4] não “pulem” mais a cerca, e os fornicadores parem de fornicar.Cristãos sinceros em busca de maturidade espiritual haverão de reconhecer as doenças instaladas no ser interior – e trata-las. Há vícios na alma que precisam e podem ser quebrados. O nosso desafio é subjugar a alma ao espírito e não o contrário. A barriga está crescendo, a vida é efêmera, e tudo passa rapidamente....Quando se vê, já é natal... Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos! (Mário Quintana)

Não deixe a barriga do muro crescer. Se você demorar muito em tomar atitude, poderá ser tarde demais.
Autor(a): PR. DANIEL ROCHA Pastor da Igreja Metodista e psicólogo - E-mail: dadaro@uol.com.br